Conta Eduardo Schwalbach nas suas Memórias que Dom Luís I
e Mariano de Carvalho, director do Diário Popular,
odiavam-se discretamente. O Popular era o jornal que
mais atacava o monarca.
Um dia de 1886, já perto do final da vida, o rei teve de engolir o sapo
e «confiar ao seu terrível detractor a pasta da Fazenda».
Vingou-se. Ao findar
uma assinatura real a que assistia o novo ministro, o rei puxou-o de parte e perguntou-lhe
se gostava de música.
— Sim, meu Senhor – respondeu Mariano.
— Então venha cá!
Durante noventa minutos implacáveis, Dom Luís torturou Mariano de
Carvalho, «arrepiando os ouvidos da sua vítima com uma violoncelada quase
seguida». O monarca tocava realmente mal o instrumento.
«Encantado por fora e como um urso por dentro», Mariano saiu daquela
tormenta quase a espumar. «Sua Majestade voltou-se para o seu camarista e
disse-lhe, esfregando as mãos de contente: — Estou vingado!»
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