terça-feira, julho 26, 2016

A propósito do cabo Mondego

Há cerca de 15 anos, fui com a professora Maria Helena Paiva Henriques ao cabo Mondego. Estávamos então no início deste longo processo de aceitação do geomonumento português como estratótipo limite do Bajociano. Contou-me uma história deliciosa sobre a Presidência Aberta de Mário Soares na região.
Passeavam pela Figueira da Foz e a eminente geóloga confidenciou ao PR que não conseguia cativar os media para a importância científica daquele cabo. À tarde, Soares foi... Soares. À passagem por uma das elevações, trepou pela rocha como um gato e foi fotografado por toda a imprensa. Quando desceu, segredou à professora: “Amanhã, verá o cabo Mondego em todas as primeiras páginas de jornal.”

Hoje, tantos anos depois, a formação rochosa inserida no complexo mais amplo do cabo recebeu o Prego de Ouro, confirmando a classificação internacional de referência. Parabéns, professora Maria Helena Paiva Henriques!

sexta-feira, julho 01, 2016

Ruy de Castro como… Ruy de Castro


Nuno Pacheco dá hoje (no Público) a boa notícia: Chega de Saudade, a obra monumental de Ruy de Castro sobre a Bossa Nova, não será adaptada ao português europeu. Sai tal qual Castro escreveu — só quem sofreu com o aportuguesamento forçadíssimo de Carmen, outro volume incrível sobre Carmen Miranda, aprecia o gesto. Ruy de Castro é como os morangos: deve ser consumido tal qual sai da terra, sem açúcar ou chantilly.