Albino André e Mário Matos Lemos, "Diário de Notícias", 04/09/1965 (a partir de microfilme da Biblioteca Nacional) |
No número do centenário do Diário de Notícias, publicado em 29 de Dezembro de 1964, o jornalista Mário Matos e Lemos lamentava não ter, ao fim de sete anos de carreira, um «episódio daqueles cheios de graça, que tantos dos meus colegas de trabalho têm para contar, para deleite de leitores ou ouvintes». Falava cedo de mais. Como o sermão de John Donne prenunciava em Por quem os Sinos dobram, é sempre perigoso mandar perguntar por quem dobram os sinos, não vá dar-se o caso de estes repicarem pelo próprio. Sete meses depois destas palavras, Matos e Lemos tinha de facto uma história para contar. Inesperada e divertida – excepto, talvez, para o seu protagonista principal.
Não consta que António Oliveira Salazar tivesse preferências futebolísticas vincadas ou soubesse sequer o nome dos principais futebolistas da nação, mas, nos primeiros dias de Setembro de 1965, o ditador foi forçado a embrenhar-se num tema futebolístico. Em pano de fundo, estavam as relações de Portugal com a União Soviética (URSS), um dossier que o presidente do Conselho nunca quisera abrir e que se via agora forçado a decidir, perante o interesse do mundo. Salazar lembrava-se bem do sarilho que as notícias internacionais de 1962 a 1964 provocaram, quando jornais norte-americanos, equatorianos, franceses, brasileiros e argentinos ("Franco Nogueira e o Reconhecimento da República Popular da China", Marco António Martins, 2010, pg.250-251) sugeriram que Lisboa se preparava para reconhecer o governo de Pequim. E agora caía nova “bomba” na sua mesa, proveniente da fonte mais improvável.
Tudo começou com um conjunto de notícias
de jornal promovidas por um operador turístico que não imaginava onde se estava
a meter e cujas palavras indiciavam uma espantosa e inédita abertura
diplomática entre dois regimes antagónicos. Como de costume, tudo terminaria
com uma tarde passada na PIDE e um inquérito conduzido pelo próprio director da
Polícia Internacional de Defesa do Estado, Fernando Silva Pais, por causa de
“um certo estado emocional do público”...
"A Bola", postal de Albino André para Vítor Santos, 06/09/1965 |
O TURISMO, O FUTEBOL E OS PAULITEIROS DE
MIRANDA
Toda a história concentra-se na figura de
Albino da Conceição André, um homem prático, de negócios. Com Celestino
Domingues, fundara em 1958 a agência de viagens TurExpresso, com sede na
Avenida Duque de Loulé em Lisboa, e conseguira a importante representação em
Portugal da InTourist, agencia soviética de viagens. Aos 38 anos, sem
convicções políticas marcadas, este homem nascido na freguesia de Pessegueiro,
concelho de Pampilhosa da Serra, movimentava-se com à-vontade para lá da
“cortina de ferro”, apesar das restrições às viagens entre os dois países.
Com bons contactos na direcção benfiquista presidida por Adolfo Vieira de Brito, Albino André fora,
em meados de Agosto de 1965, como de costume, à secretaria do Sport Lisboa e
Benfica, que frequentava com frequência, pois organizava muitas viagens do clube
“encarnado” para as competições no exterior. Em conversa amena com Gastão Silva
e Coelho Virgílio, dirigentes do futebol do clube, revelou que se deslocaria à
União Soviética nos dias seguintes. Sempre cioso de novas fontes de receita, um
dos dirigentes desafiou-o a preparar uma digressão do clube à URSS. Albino
André registou, mas não promoveu qualquer acto concreto nesse sentido quando
chegou a Moscovo. Ironicamente (sempre de acordo com a sua reconstituição dos acontecimentos), foi abordado na capital russa por Victor Prozorskov, director da
InTourist, que lhe fez uma proposta ousada. Prozorzkov sugeria uma ampla
digressão desportiva e cultural de portugueses à URSS, garantindo que a
popularidade do futebol do Benfica, dos fadistas Amália Rodrigues, Fernanda
Maria e Carlos Ramos e até do grupo folclórico Pauliteiros de Miranda galgara fronteiras
e chegara às neves russas. Como prova, o dirigente soviético exibia,
sorridente, discos de Amália e Fernanda Maria.
Albino André não cabia em si de contente.
Nem tivera de se esforçar para agregar boas vontades. No dia seguinte, foi
convocado para uma reunião com Prozorzkov, o vice-presidente da Federação
Soviética dos Desportos, um funcionário do Ministério das Comunicações, o
presidente da transportadora Aeroflot, o treinador do Dínamo de Moscovo e um
responsável político para as relações com a Europa Ocidental. Era óbvio que os
soviéticos tinham concluído (erradamente) que, para chefiar uma agência de
viagens internacional, Albino André era também um agente político bem
posicionado em Lisboa. Como se veria depois, não era esse o caso.
Os soviéticos convidaram o futebol do
Benfica a visitar o país, propondo a realização de dois jogos com o campeão
russo dessa época, o Spartak de Moscovo, em Outubro de 1965 e em Maio de 1966.
Anunciaram também que não colocariam qualquer entrave se a delegação portuguesa
quisesse viajar em voo da TAP.
Albino André regressou a Lisboa e, no dia
3 de Setembro, deu conta aos dirigentes do Benfica da vontade russa que, face
ao anunciado acordo em vista (que atribuía a receita da bilheteira do jogo de
Lisboa para o clube da Luz), anuíram, propondo o dia 6 ou 10 de Novembro como
data para o primeiro encontro. Semanas antes, o Benfica recebera o Real Madrid
e encaixara quatro mil contos em receitas de bilheteira. Previa-se encaixe
idêntico para receber os colossos da Rússia, pelo que o clube emitiu uma
credencial que garantia que o director da TurExpresso representava o Benfica e
aguardou por novo contacto.
AS NOTÍCIAS
As notícias circulam rapidamente em meios
pequenos e, em Lisboa, comentava-se o êxito diplomático do fundador da
TurExpresso. O rumor da digressão chegou aos ouvidos de José Pereira da Costa,
chefe de redacção do “Diário de Notícias”, que delegou no jornalista Mário de
Matos e Lemos a entrevista a Albino André.
"Diário de Notícias", 04/09/1965 (a partir de microfilme da Biblioteca Nacional) |
Satisfeito com o seu êxito diplomático,
Albino André assumiu que o acordo era proveitoso para todas as partes e
anunciou-o abertamente. No sábado, 4 de Setembro, o “Diário de Notícias”
anunciava, em manchete: “O BENFICA VAI À RÚSSIA E O SPARTAK (DE MOSCOVO) VEM A
LISBOA”.
Na peça, Matos Lemos lembrava que as
oportunidades de visita aos países para lá da “cortina de ferro” limitavam-se
às provas desportivas e aos congressos científicos, mas, se mesmo a Espanha
ferozmente anticomunista começava a abrir as portas ao turismo soviético e
planeava inclusivamente uma exibição de tourada em Moscovo, Portugal
provavelmente seguiria o mesmo rumo. A agência TurExpresso tinha então o
monopólio do tráfego turístico com os países do Leste europeu e o seu
proprietário anunciava o vasto interesse soviético pelas divisas ocidentais,
gabando o esforço de construção de infra-estruturas da URSS para acolher os
novos visitantes. Albino André garantia ainda que, para além do futebol do
Benfica, os russos queriam conhecer o fado e folclore português. Em confidência
off the record (só mais tarde recordada por Matos Lemos no livro de 1986 “O 25
de Abril”, pg. 154), Albino André garantia que os soviéticos convidavam
inclusivamente Oliveira Salazar a visitar o país e garantiam que a sua
segurança não seria colocada em causa.
Algo se passou nos serviços de censura
nestes primeiros dias de Setembro. No inquérito da PIDE, Albino André garantiu
que o “Diário de Notícias” o informou no dia 3 que a peça não fora autorizada a
sair, mas, no dia seguinte, ela foi publicada sem cortes. Aproveitando a
embalagem, Fernando Soromenho, responsável pela página desportiva do “Diário de
Lisboa”, telefonou imediatamente a Albino André, mal leu a primeira página da
publicação rival. Vespertino, o DL tinha ainda algumas horas antes do fecho.
Por isso, nova peça foi produzida, juntando informação de contexto: a receita
deveria rondar os 4 mil contos e pertenceria ao Benfica; o convite partira dos
soviéticos; estava autorizada a chegada a Moscovo de um avião da TAP.
"Diário de Lisboa", 04/09/1965 (arquivo da Fundação Mário Soares) |
Com os meios diplomáticos em polvorosa
face a tão estranha mudança de protocolo na relação com a URSS, os jornais
continuaram a saga no domingo. Quer o “Diário de Notícias”, quer o “Diário de
Lisboa” anunciavam que o primeiro jogo seria já em Novembro, no dia 6 ou 10, e
que tudo deveria estar tratado na semana seguinte, mal Albino André voltasse à
União Soviética. Os porta-vozes do Benfica confirmavam a aproximação e
garantiam que a TurExpresso representava o clube.
Na segunda-feira, a paciência oficial
esgotou-se. Enquanto o “Diário de Lisboa” garantia que cada jogador da comitiva
receberia 100 contos de prémio, o trissemanário “A Bola”, com algum desplante,
publicava na primeira página um postal de Albino André para Vítor Santos, chefe
de redacção, remetido de Moscovo. Na mensagem, o agente turístico garantia que,
“se o Benfica estiver de acordo, do que não duvido, pois as condições
financeiras são excelentes, poderá dar como certa a vinda da equipa a esta
bonita cidade”. No corpo da notícia, o jornal garantia ter recebido a missiva
no dia 18 de Agosto, mas só agora (depois de publicada na imprensa de
referência) sentia coragem para a trazer à estampa.
Nessa mesma tarde, Albino André foi
mandado comparecer na sede da PIDE, onde foi interrogado por Silva Pais (cf.
“Ida do Sport Lisboa e Benfica à URSS”, inquérito da PIDE/DGS ao industrial Albino André,
Arquivo Salazar, PC-77 cx. 593, subd. 110, f. 380-390, na Torre do
Tombo).
O CONTEXTO MAIS AMPLO
Em 1965, Portugal não tinha relações
diplomáticas com a União Soviética, nem com os restantes países do Bloco de Leste,
à excepção do governo jugoslavo, reconhecido em 1961 — e entretanto a representação
diplomática em Belgrado fora suspensa. Dos países comunistas, Salazar aceitara
apenas encetar relações diplomáticas com Cuba. Os contactos com os restantes
países limitavam-se aos compromissos internacionais, como as reuniões
científicas ou as provas desportivas, mas algo estava a mudar na percepção
soviética de Portugal e do seu império. A motivação, segundo o volume de
memórias de Franco Nogueira ("Salazar", 1977) e a mais estruturada biografia ("Salazar", 2010) de Filipe Ribeiro de Meneses, passava pela luta surda entre os Estados Unidos, a
URSS e a China pela capacidade de influência em Angola, país vital no xadrez do
Atlântico Sul e cujo destino estava então em aberto, face aos vários movimentos
de libertação em conflito aberto com a potência colonial.
O incidente da TurExpresso não foi a
primeira tentativa atabalhoada de diálogo soviético. Marcello Mathias, ministro
português dos Negócios Estrangeiros entre 1958 e 1961 e embaixador português em
Paris durante 24 anos, conta na sua eloquente recolha de correspondência com
Salazar (“Correspondência Marcello Mathias/Salazar, 1947-1968”, de 1984, pg.
646) que, em 1963, numa reunião em Paris, Serguey Vinogradof, embaixador
soviético na capital francesa, lhe perguntou de chofre: “Porque não existem
relações diplomáticas entre os nossos dois países?”. Em Janeiro de 1964, a
pergunta repetiu-se, na presença do ministro francês Louis Joxe. Em ambas as
situações, Marcello Mathias avisou Lisboa, que recusou responder.
Seguiu-se o incidente da TurExpresso, que
Salazar prontamente sanaria com a proibição da digressão, mas o caso teve uma repercussão extraordinária, dada a publicidade que lhe foi dada. Até aqui, as aproximações soviéticas tinham sido silenciosas para a opinião pública. Neste caso, a abordagem fora ruidosa.
Mesmo com mais uma recusa, os russos não pararam. Na recolha de Matos Lemos, realizada no arquivo do Ministério dos Negócios Estrangeiros (opus cit. pg. 154-157), há informação de outras tentativas de aproximação do Bloco Leste em Jacarta, em 1965, em Beirute em 1967, em Brasília, igualmente em 1967, onde o jornalista Manuel Figueira, de “O Século”, foi abordado pelo embaixador checoslovaco, e através de contactos consulares com embaixadores romenos em várias capitais como Viena, Estocolmo, Bona, Atenas e Helsínquia, que aproveitavam um inédito acordo comercial luso-romeno para sugerir o alargamento das relações de Portugal com o Leste da Europa. Já com Marcelo Caetano no poder, em 1969, os russos voltaram a tentar uma aproximação, propondo a abertura de um escritório da agência noticiosa Novosti em Lisboa. E entre 1971 e 1972 emergiram novas perguntas de responsáveis diplomáticos do Leste a embaixadores portugueses. Salazar e Caetano recusaram sempre.
Mesmo com mais uma recusa, os russos não pararam. Na recolha de Matos Lemos, realizada no arquivo do Ministério dos Negócios Estrangeiros (opus cit. pg. 154-157), há informação de outras tentativas de aproximação do Bloco Leste em Jacarta, em 1965, em Beirute em 1967, em Brasília, igualmente em 1967, onde o jornalista Manuel Figueira, de “O Século”, foi abordado pelo embaixador checoslovaco, e através de contactos consulares com embaixadores romenos em várias capitais como Viena, Estocolmo, Bona, Atenas e Helsínquia, que aproveitavam um inédito acordo comercial luso-romeno para sugerir o alargamento das relações de Portugal com o Leste da Europa. Já com Marcelo Caetano no poder, em 1969, os russos voltaram a tentar uma aproximação, propondo a abertura de um escritório da agência noticiosa Novosti em Lisboa. E entre 1971 e 1972 emergiram novas perguntas de responsáveis diplomáticos do Leste a embaixadores portugueses. Salazar e Caetano recusaram sempre.
EPÍLOGO
Interrogado na sede da PIDE, Albino André
contou todos os episódios da história, tendo o cuidado de “não se lembrar” de
qual o dirigente do Benfica que mais insistira com a ideia da digressão.
Assumiu o que disse em todas as entrevistas, discordando apenas da manchete do
“Diário de Notícias” e afirmando ingenuamente que não via como poderia ser
negativo um acordo que gerava receitas para todos os intervenientes. Silva Pais
irritou-se particularmente com os elogios de Albino André aos esforços
soviéticos em matéria de turismo, mas o responsável da TurExpresso lá foi
dizendo que eram óbvios para quem, como ele, visitava a URSS com frequência.
Na verdade, Albino André nunca imaginara
que os russos o tinham tomado por um interlocutor de peso da política
portuguesa, nem tinha reflectido sobre a ausência de relações diplomáticas com
a URSS. Para ele, havia negócios a fazer, face ao novo interesse soviético
pelas visitas a Portugal. Pelo sim, pelo não, foi garantindo que cumpria a lei,
informava as autoridades sempre que recebia pedidos de portugueses para visitar
a URSS ou informação de soviéticos em visita por Portugal. Considerava aliás a
PIDE “digna dos maiores elogios, como publicamente o tem demonstrado” e
reconhecia que, se tivesse imaginado de antemão “o estado emocional” criado
pelas notícias no público, não teria falado à imprensa. Foi libertado ainda
nesse dia.
No dia 7, o Ministério dos Negócios
Estrangeiros proibiu a digressão e informou a direcção do Benfica que, no dia
8, emitiu um comunicado à imprensa, garantindo nada ter acordado com os
soviéticos. Os russos não ouviriam o fado, nem assistiriam aos Pauliteiros de
Miranda.
"Diário de Lisboa", 08/09/1965 (arquivo da Fundação Mário Soares) |
Matos Lemos recordou o caso com algum detalhe no seu volume "25 de Abril", editado em 1986. Cometeu algumas imprecisões (trocou os anos de 1965 por 1964, confundiu o nome do responsável da InTourist e antecipou em quatro anos as funções de Albino André como presidente da associação de agências viagens), mas proporcionou um curioso retrato do que sucedera em Setembro de 1965. Culto, com vasta obra publicada, exerceu uma longa carreira no jornalismo, celebrizando-se como
enviado-especial a alguns dos principais conflitos portugueses, em Goa e
Angola. José Pedro Castanheira apelidou-o de "jornalista de regime" e "adepto confesso de Marcello Caetano" (aqui), sublinhando a proximidade de Matos Lemos com várias figuras do regime, como Rui Patrício ou Moreira Baptista, com os quais privara no curso de História da Faculdade de Letras de Lisboa, onde se licenciou.
Começou a carreira jornalística em 1957, aos 24 anos, na agência noticiosa ANI, ao serviço da qual foi correspondente no Porto e subchefe de redacção. Em 1964, foi convidado para o "Diário de Notícias", onde permaneceu dois curtos anos, antes de voltar novamente à ANI. Em 1971, aceitou o cargo de subdirector do "Diário do Norte", mas a experiência durou pouco e terminou com estrondo. Um ano depois, concorreu ao cargo de conselheiro de imprensa, tendo sido aceite na embaixada de Roma, onde acumulou funções como correspondente da RTP na capital italiana até à revolução de Abril.
Foi autor de várias obras sobre política e jornalismo e traduziu muitas outras para português. Na Biblioteca Nacional, constam 44 volumes da sua autoria, incluindo um interessante ensaio, em edição de autor, publicado um ano antes do caso TurExpresso, no qual o autor advogava o fim imediato da censura à imprensa. Até 1974, era, sem sombra de dúvidas, um homem próximo do Estado Novo.
Começou a carreira jornalística em 1957, aos 24 anos, na agência noticiosa ANI, ao serviço da qual foi correspondente no Porto e subchefe de redacção. Em 1964, foi convidado para o "Diário de Notícias", onde permaneceu dois curtos anos, antes de voltar novamente à ANI. Em 1971, aceitou o cargo de subdirector do "Diário do Norte", mas a experiência durou pouco e terminou com estrondo. Um ano depois, concorreu ao cargo de conselheiro de imprensa, tendo sido aceite na embaixada de Roma, onde acumulou funções como correspondente da RTP na capital italiana até à revolução de Abril.
Foi autor de várias obras sobre política e jornalismo e traduziu muitas outras para português. Na Biblioteca Nacional, constam 44 volumes da sua autoria, incluindo um interessante ensaio, em edição de autor, publicado um ano antes do caso TurExpresso, no qual o autor advogava o fim imediato da censura à imprensa. Até 1974, era, sem sombra de dúvidas, um homem próximo do Estado Novo.
Albino André continuou à frente dos
destinos da TurExpresso sem grandes transtornos. Quatro anos depois, em 1969,
foi escolhido para liderar o Grémio Nacional das Agências de Viagem e Turismo,
cargo que ocupou até 1974.
Não consta que tenha voltado a tentar
levar o Benfica, ou qualquer outro clube português, para lá da “cortina de
ferro”. Não fosse o público reagir... emocionalmente à notícia.
OUTRAS HISTÓRIAS DO JORNALISMO PORTUGUÊS
[não incluídas em Parem as Máquinas,
Parsifal, 2015]
3 comentários:
Boa noite. Li o seu artigo no jornal O Ericeira sobre o furo do otojornalismo e vim aqui ter. Bom texto. Boas fontes. Está aqui muito trabalho reunido. Mas deverá publicá-lo em fonte impressa. Na Internet, rapidamente se desfaz a autoria.
Cumprimentos. JA
Acho que deveria ter mais cuidado na reserva dos nomes dos envolvidos.
Trabalhei com o Matos e Lemos na ANI e era um profissional irrepreensível.
Não creio que este episódio – verídico certamente, mas pouco significativo – o possa definir.
Bom dia.
Agradeço os comentários de ambos (e muito gostaria que deixassem os respectivos nomes para tornar mais fluente o diálogo).
Nesta história improvisada de episódios do nosso jornalismo, tento, na medida do possível, abstrair-me de qualquer juízo de valor sobre os envolvidos. Apresento o que consigo apurar através de fontes orais e documentais e abstenho-me de os interpretar até porque seria um juízo ingrato, feito com a vantagem desigual de olhar para os acontecimentos a partir do futuro e de normas de conduta que não vigoravam à data dos acontecimentos aqui narrados.
De todo o modo, não vejo neste episódio qualquer aspecto censurável no trabalho do "Diário de Notícias". Teve acesso a uma informação nova e explosiva e deu-lhe destaque. Fez jornalismo.
Respondendo por isso concretamente: este episódio não define os seus intervenientes. Define, porventura, uma época de jornalismo e as balizas que o delimitavam. Só isso.
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