quinta-feira, agosto 18, 2005
Apre! À terceira, cai quem quer
A serra de Monchique não é particularmente bonita. Repleta de eucaliptos, circunda perigosamente várias aldeias. Há anos que não sofre intervenções de manutenção – nem limpeza da mata, nem abertura de caminhos, nem criação de clareiras. Em 2003, ardeu brutalmente. O fogo consumiu o que quis, enquanto os bombeiros olhavam, impotentes, para a queima.
Pensar-se-ia que a tragédia serviria de emenda. Debalde. No ano passado, ardeu o que faltava. Mais grave: o argumento do filme foi o mesmo: pontas de incêndio simultâneas, eucaliptos e pinheiros a arder, um braseiro impossível de suportar. Carros de bombeiro impossibilitados de chegar ao núcleo do incêndio; aldeias evacuadas; muita berraria; muita ameaça; muita queixa.
Este ano, já não não havia para arder. Pensar-se-ia que, quem queimou a mão direita e a esquerda em dois anos consecutivos, apressar-se-ia a planear o novo coberto florestal de Monchique. Pois sim. A imagem, captada por mão amiga e enviada para o Ecosfera, dá conta da inovadora técnica de prevenção florestal levada a cabo na região durante o mês de Agosto: braçadas de madeira seca foram acumuladas junto à estrada, em molhes cuidadosamente unidos. Não um, nem dois, nem três. Estendem-se alegremente ao longo da estrada.
O descuido faz lembrar a anedota do homem que, fechado às escuras no paiol de dinamite, começou por procurar o interruptor. Não encontrou. Tacteou em busca da lanterna. Não a descobriu. Lembrou-se então que tinha no bolso uma carteira de fósforos…
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