domingo, setembro 20, 2009

Museu Geológico, Lisboa



Se recear a gripe A, deve seguramente fugir às multidões e aos espaços mais lotados. Desse ponto de vista, brincava um amigo, os museus são a solução ideal. Assim como assim, estão sempre vazios.
Infelizmente, esse era o panorama ontem do Museu Geológico, na Rua da Academia das Ciências. Éramos os únicos visitantes do espaço a meio da manhã de sábado e dificilmente justificámos a corajosa decisão do museu de abrir as portas também ao sábado - sobretudo com tão poucos funcionários.
O Museu Geológico é uma máquina do tempo. Transporta-nos para o século XIX mal franqueamos a entrada. O arranjo das vitrinas, as duas salas muito amplas e geométricas, as etiquetas de marcação dos objectos envelhecidas pelo tempo dão-nos conta de uma outra ideia de musealização. O espaço é um museu dentro de um museu.
Tem a colecção mais espantosa de fósseis paleontológicos do país, resultado do trabalho metódico dos Serviços Geológicos portugueses no século XIX e primeira metade do século XX. Curiosamente, se Portugal foi dos primeiros países europeus a criar um serviço dedicado à geologia, foi também dos primeiros a abandoná-lo à sua sorte, motivo pelo qual este Museu Geológico já passou por tutelas com pouca ou nenhuma afinidade com o tema. Como o INETI.
O Museu é um espaço notável, uma espécie de segredo partilhado pelas centenas de pessoas que o conhecem e apreciam. As colecções de Paleontologia e Arqueologia reportam-nos para os primórdios destas duas ciências em Portugal. Não ficam muito distantes de colecções expostas noutros países. Aqui, porém, estão às moscas, apesar do dinamismo e das iniciativas de promoção desenvolvidas pelo actual director e pelo seu antecessor. Olha-se para o fémur de um apatossauro ou para o crânio de um crocodilídeo e imagina-se a sala repleta de crianças em idade escolar, abismadas (como a minha estava) com a proximidade do legado dos dinossauros. Uma coisa é ver pistas de dinossauros impressas na rocha; outra, bem diferente, é tocar num osso fossilizado de um gigante.
Recentemente, o Museu assumiu a expansão para uma terceira sala, a de mineralogia. Embora destoe das duas salas originais, é o espaço mais moderno do Museu e aquele que ainda recebe novos acervos. O Depto. de Geologia da Somincor e a missão de exploração das fontes hidrotermais no Atlântico fizeram generosas contribuições de materiais, que ajudam a embelezar este espólio e, sobretudo, a torná-lo mais relevante, dando conta de duas das missões contemporâneas que não dispensam a geologia - a exploração do fundo do mar e o aproveitamento de recursos minerais.

3 comentários:

Ponto Verde disse...

Excelente proposta, uma vez , no âmbito de uma pós-graduação tive oportunidade de fazer essa visita, acompanhado por uma figura de referência e ex director.

Saudações ao ecosfera por mais um ano de luta ambiental. Votos de um Natal Sustentável e de um Ano Novo mais Verde.

São os votos do blogue a-sul

Gonçalo Pereira disse...

Agradeço e retribuo. Um abraço.

GP

João Sismeiro disse...

Bom dia,

Gostava de lhe enviar uma informação de sustentabilidade relacionada com uma empresa portuguesa, no entanto não encontro os respectivos contactos.

Se mos pudesse facultar, agradecia.

Cumprimentos