


Num congresso recente de energias renováveis em que participei, um dos oradores – representante, julgo eu, da energia solar – queixou-se da escassa importância que os media atribuem às novas fontes de energia. Escuto esta crítica amiúde e invariavelmente recordo as palavras de um dos primeiros editores com quem trabalhei, que vetava categoricamente a maior parte das histórias sobre energia eólica ou solar (energias renováveis, há dez anos, "eram" só essas. Pelo menos, aos olhos dos media). "Quem viu uma turbina viu todas! Quem viu um painel já não quer ver mais nenhum."
Esta lógica simplista encerra alguma injustiça, mas penetra no centro da discórdia entre jornalistas e peritos. As prioridades de uns não correspondem às dos outros, e as novas/velhas tecnologias de produção de energia são, de facto, limitadas do ponto de vista visual. As suas imagens são normalmente maçadoras e repetitivas. E, no alinhamento dos jornais ou telejornais, passam muitas vezes para segundo plano.
Voltei a lembrar-me desta controvérsia com as notícias de hoje sobre a central fotovoltaica de Serpa, a maior do mundo. Por muitas voltas que os repórteres fotográficos deram à perspectiva ou ao ângulo, os resultados foram estes. Cumpriram a função, sem entusiasmar. Imagino que o velho Álvaro tenha acordado hoje a barafustar: "Painéis, painéis. Quem viu um viu todos!"