terça-feira, dezembro 24, 2013

Os Trapaceiros de Caravaggio


A véspera de Natal é um dia tão como bom qualquer outro para escrever sobre bola. 
O desfecho do último fim-de-semana desportivo lembrou-me este óleo de Caravaggio, uma das primeiras experiências do pintor barroco com temas mundanos.
De frente para o observador, um jovem distinto e ingénuo joga o jogo pelo jogo, sem noção da armadilha que lhe montaram. De costas para nós, perfila-se um dos trapaceiros. Esconde cartas suplementares no cinto e estuda os sinais do cúmplice, que espia o primeiro jogador e dá indicações sobre os trunfos de que ele dispõe. Cá pelas nossas fronteiras, o futebol é mais ou menos isto. Uns estão distraídos com o beautiful game; outros manufacturam as condições de sucesso.
Olhamos novamente para o óleo. 
À cintura de um dos trapaceiros, está um punhal, indício de que a violência está a curta distância da trapaça. 
Um dia, também a panela da paciência indígena ferverá.   

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