domingo, setembro 13, 2009

Pedreira do Avelino 2009




No sábado, estive na Pedreira do Avelino, no Zambujal, perto de Sesimbra. Guiado pela Vanda Santos, paleontóloga do Museu Nacional de História Natural (MNHN), conheci aquela jazida em 2002, mais de 25 anos depois de Miguel Telles Antunes ter identificado as pegadas de saurópodes e ter persuadido o proprietário do terreno a poupar a laje.
Em 1997, por pressão do MNHN, a laje (onde se cruzam dois trilhos - de um saurópode adulto e outro juvenil - e onde se detectam mais três pistas) foi classificada como Monumento Natural, apesar de continuar a pertencer a um particular e de a Câmara Municipal de Sesimbra me ter comunicado, em 2002, que não lhe interessava comprar o terreno porque - e cito - "tinha melhores formas de chamar turistas ao concelho".
Em 2002, o proprietário ainda tinha esperança de que o processo chegaria a bom porto. Em 2009, depois de doze anos de espera, a laje foi cercada. Cercada de vegetação, de lixo e de restos de materiais de construção.
Quem conhece ainda lá vai e, enquanto foge às silvas e aos cacos de vidro, tenta explicar aos amigos o que ali está.
Um dia, o proprietário "enganar-se-á" e destruirá a laje por descuido. Quem o censura?

1 comentário:

Vanda Santos disse...

A Pedreira do Avelino está classificada como Monumento Natural desde 1997 e, se excluirmos o lixo e os restos de materiais de construção, é um interessante exemplo de recuperação natural de uma paisagem modificada pela exploração dos recursos naturais. De facto esta pedreira tem as condições ideais para receber visitantes que se interessam pelo Património Natural e pela sua conservação e valorização, bem como pela Geologia e Paleontologia, ciências que nos contam a história da Terra que decorre desde há muitos milhões de anos.
Nas primeiras horas da manhã, quando a luz do sol está rasante à laje inclinada, é possível observar cinco pistas de saurópodes que passaram nesta área há cerca de 150 milhões de anos. Um destes quadrúpedes herbívoros tinha cerca de 1,2 m do solo à anca e um outro atingia os 4 m; os cálculos sugerem que se deslocavam entre os 2 e os 4 km/h. Esta informação e outra sobre os dinossáurios em Sesimbra poderia ser veiculada de forma apelativa e a Pedreira do Avelino poderia fazer parte dos destinos de visitas de estudo dos vários níveis de ensino. A aprendizagem in situ tem a vantagem inigualável de permitir o contacto da pessoa com o objecto de estudo, bem como de sensibilizar o visitante para o valor deste tipo de Património Natural e para a necessidade de o proteger.
Muito gostaria que fosse efectivamente dado valor ao Património Paleontológico Português e que o público em geral pudesse usufruir dos resultados do trabalho de investigação financiado por várias instituições. Se o ICNB e a Câmara Municipal de Sesimbra unissem sinergias com pouco investimento para a divulgação científica, poderiam ser alcançados inúmeros objectivos ao nível do ensino, da cultura e do turismo científicos.