Há uma semana, um post inofensivo no blogue Jornalismo e Comunicação deu azo a uma enxurrada de agressivos comentários anónimos. Julgo que o caso – um entre tantos outros – justifica uma reflexão sobre a proliferação do anonimato na blogosfera.
Em termos genéricos, não me faz espécie que um cibernauta comente sob a égide do anonimato. Está no seu direito, até porque os fornecedores do serviço como o Blogger disponibilizam aos promotores de diários digitais ferramentas suficientes para, se assim o entenderem, barrarem o acesso aos comentadores não identificados. Pressupõe-se assim que, quem aceita comentários anónimos nos respectivos blogues, reconhece relevância a quem comenta sem se identificar.
Intrigam-me, porém, os motivos que levam alguém a abdicar da identidade para comentar. No exemplo acima citado, o anónimo mais agressivo argumentava pomposamente que “cada vez é mais evidente que não estamos num país isento de represálias (em particular vindas de grupos e coorporações [Sic]). Universitários e CS podem dar uma mistura explosiva.”
Sinceramente, duvido da bondade deste tipo de motivação. Não creio que, por trás de cada comentador anónimo, esteja um agente social perseguido, um comentador que ousa iludir quem contra ele conspira e que, sob o manto do anonimato, fornece informação válida para o debate. Na maior parte das vezes, tenham paciência, o anónimo esconde-se porque gosta de atirar a pedra e esconder a mão.
Há naturalmente comentadores anónimos refinados e anónimos boçais. Em comum, porém, pressente-se o mesmo receio de assinar, o mesmo medo de assumir responsabilidade pelo que se diz e escreve.
E se o promotor do blogue decide impor a moderação no seu espaço? Céus! Que traição. Há algumas semanas, quando decidi fazê-lo, pasmei com a enxurrada de críticas. Ditador! Censor! O lápis azul voltou! Salazar ressuscitou!
Pessoalmente, entendo a moderação de comentários no meu blogue como um balde de água gelada que atiro para cima da audiência sempre que ela se comporta mal. Banho gelado, pausa para reflectir. Não o faço porque recebo criticas de que não gosto [basta ver por estas páginas a baixo que recebo mais paulada do que elogios], como um leitor há tempos sugeriu. Faço-o quando considero que o espaço está a ser utilizado para outros fins para além daqueles que eu desejo. Faço-o porque um blogue não é um jornal, nem se sujeita às mesmas regras da imprensa. Não tenho de conceder o famoso contraditório, nem de dar conta da pluralidade de opiniões. Se por absurdo postar dez textos consecutivos sobre energia nuclear em Portugal, não tenho de prestar contas a ninguém.
Entendo da mesma forma o anonimato neste espaço. Quem quiser participar sem revelar a identidade (verdadeira ou fabricada), não será travado. Desde que cumpra as regras da casa, limpe os pés à entrada e não suje nada. Sendo assim, faites vos jeux!
4 comentários:
Continuo a achar que a moderação de comentários é o argumento de quem não gosta do rumo do diálogo e abusa do poderzinho que tem.
Se não queres comentários o Blogger tb tem ferramentas para os travar. Agora, a moderação parece-me excessiva. Quem não deve não teme.
Só lhe pedia que ponderasse mais seriamente no lema do brasão que apresenta no seu blogue: "Antes morrer livres que em paz sujeitos". Leia-o bem e em consciência diga-me: a que tipo de liberdade se refere- à da consciência ou à da mera aparência? Nestes assuntos, não há meio termo, meu caro amigo. Ou se é livre ou não se é. Palavras tão bonitas e profundas depauperadas pelo seu uso meramente retórico, que as remete logo para o esquecimento...É pena!!!
Perdão???
Tem a certeza que colocou o comentário no blogue certo?
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