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Uma eleição é um acontecimento difícil de gerir num jornal, particularmente num país estrangeiro. Gera demasiada informação imprevisível e impede a rotinização tão necessária nas redacções. O próprio lead fica em suspenso até se conhecer o nome do candidato vencedor.
Quando o processo eleitoral decorre num fuso horário distante do português, como sucedeu agora com as eleições norte-americanas, as dificuldades multiplicam-se. Há uma hora de fecho, que não se compadece com o desconhecimento dos resultados eleitorais além-fronteiras. Por outras palavras, à meia-noite em Portugal, as urnas estavam a encerrar na costa leste, mas permaneciam em aberto na costa oeste. Era impossível anunciar o nome do vencedor na edição matinal do jornal, mas, por ironia, à hora a que os leitores vão às bancas, já conhecem perfeitamente o desfecho, graças à informação radiofónica, televisiva ou online.
O "Diário de Notícias" e o "Público" resolveram como puderam esta dificuldade. Uns centraram-se no carácter disputado da corrida eleitoral; os outros focaram-se na tarefa que está pela frente do novo presidente americano, qualquer que fosse o seu nome.
Na Bélgica, o "Dernière Heure" superou a dificuldade com brilhantismo. Desenhou a primeira página aqui representada: a pose de um político no palanque da sala de imprensa da Casa Branca e um código QCR por cima do rosto, sugerindo aos leitores que, para obterem informação actualizada sobre o desfecho eleitoral, poderiam usar smart phones e seguir para a página online da publicação.
Como o Paulo Querido já escreveu noutro local, será uma rendição com classe do jornalismo impresso ao electrónico. Mas espero que seja também o reconhecimento implícito de que ao jornal impresso resta um papel: o de contextualização da informação, de digestão, de reflexão. As notícias de última hora, essas, já pertencem às outras plataformas.
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