quarta-feira, julho 16, 2014

Adelino Cardoso (1934-2014), uma homenagem

"Diário Popular", 22/09/1967
(a partir de arquivo da Biblioteca Nacional)
O jornalista Adelino Cardoso morreu esta semana. Não há melhor homenagem a um jornalista recto, creio, do que recordar uma das suas peças. Descrito frequentemente como literatura apressada, o jornalismo consome textos como a locomotiva ingere carvão – processa-os; publica-os; esquece-os porque a máquina infernal precisa constantemente de mais alimentação e não guarda lembrança do carvão já queimado.
Durante a semana, Adelino Cardoso foi recordado pela sua conduta irrepreensível no acompanhamento da actividade parlamentar nas décadas de 1970 e 1980. Não duvido do que se escreveu. Mas há um texto dele que me marcou mais. Foi escrito em Setembro de 1967 para o número do 25.º aniversário do "Diário Popular".
Após oito anos de carreira noutros jornais, frustrado pela prática que «o amodorrava à banca de jornais, onde pouco mais era possível que amortalhar-me nas águas paradas do 'não vale a pena'», Adelino Cardoso decidiu recomeçar do zero. Soube de um concurso para admissão de jornalistas do Diário Popular e participou. «Há coisas que não se agradecem, mas se há alguma coisa a que devo estar reconhecido é ao facto de o jornal ter aceite esse pecúlio [uma experiência tarimbeira de oito anos sem encostos e sem referências que não fossem as dos camaradas de ofício] como o único que de facto interessava colocar na balança das minhas probabilidades», escreveu mais tarde.
Este texto intitula-se "Um desafio a mim próprio" e é uma das mais pungentes homenagens ao jornalismo da década de 1960 e às suas rotinas. 
A fornalha do “Diário Popular” apagou-se há muito. Adelino Cardoso foi um dos operários que melhor a alimentou. É essa a homenagem que lhe faço.

sexta-feira, julho 11, 2014

EMEPC, 2014




Escrevo este mês na “Espiral do Tempo” sobre a missão de extensão da Plataforma Continental portuguesa.
 «Nas salas de aula do Estado Novo, afixava-se um cartaz peculiar. Sobre a superfície continental da Europa, sobrepunha-se a área ocupada pelas províncias ultramarinas portuguesas, procurando sublinhar que, juntas, a metrópole e as colónias representavam mais de dois milhões de quilómetros quadrados e uma área equivalente a boa parte da Europa Ocidental. O título garantia que, contra as evidências, «Portugal não é um país pequeno».»
Artigo completo (mediante registo gratuito) aqui.