A
propósito de jogos à sexta-feira, à segunda, ao sábado , ao domingo de manhã e
ao diabo que os carregue
«Os
clubes perceberam que havia bom dinheiro a ganhar e as empresas de televisão
estavam dispostas a abrir mão dele; depois desse maná, o comportamento da Liga
de Futebol tem-se assemelhado ao da mítica menina que vai para o convento. A
Liga autoriza toda a gente a fazer o que quiser – alterar a hora do início do
jogo, ou as dia, ou as equipas, ou as camisolas, tanto faz; nada é demasiado
trabalhoso para eles. Entretanto, os adeptos, os clientes, são vistos como
imbecis crédulos e submissos. A data anunciada no nosso bilhete não tem
qualquer significado; se a ITV ou a BBC quiserem agendar a data para uma altura
que lhe seja mais conveniente, podem fazê-lo. (…)
Continuo
a ver em Highbury mesmo os jogos que passam na televisão, sobretudo porque já paguei
o bilhete. Mas nem pensem que vou até Coventry ou Sunderland ou qualquer outro
lugar se puder ficar sentado em casa a ver o jogo, e espero que muitas outras
pessoas façam o mesmo. Um dia, a televisão há-de dar pela nossa ausência.
Afinal de contas, por mais que se ocupem do público, não conseguirão criar
ambiente porque não há-de estar lá ninguém: estaremos todos em casa a ver pela televisão.
Espero que os managers e os
proprietários dos clubes nos poupem então a coluna pomposa e amarga no programa
oficial de jogo, queixando-se da nossa incorerência.»
“Febre
no Estádio”, Nick Hornby, 2001, Teorema, em tradução fraquíssima de Maria
Augusta Júdice
Sem comentários:
Enviar um comentário