sábado, abril 25, 2020

«Então, olhe, corte o mais alarmista!»



Jornalismo e Jornalistas, 72, 2020, recolha de Joaquim Cardoso Gomes
Há um documento espantoso publicado na última edição da revista Jornalismo e Jornalistas e recolhido por Joaquim Cardoso Gomes, o melhor historiador da Censura que temos entre nós. O documento reproduz as conversas entre os censores de Lisboa e do Porto à medida que a revolução de 1974 progride. É o retrato clássico de uma burocracia, incapaz de processar o que se está a passar, apesar da ilusão de controlo.
Esta troca de comentários entre censores desnorteados fez-me lembrar uma história que o Mário Ventura Henriques contou ao Fernando Correia e à Carla Baptista, passada na manhã do dia 25 de Abril na redacção do Diário Popular. Fernando Teixeira, o chefe da redacção, insiste que as provas da edição do dia ainda têm de ir à censura apesar de já existirem todos os indícios de que a situação política mudou. As provas vão uma vez. Duas vezes. A dada altura, é o contínuo, muito calmo, que comenta para o chefe da redacção: «Senhor doutor, já lá não está ninguém!»
#25deabrilsempre

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