Jornalismo e Jornalistas, 72, 2020, recolha de Joaquim Cardoso Gomes |
Há um
documento espantoso publicado na última edição da revista Jornalismo e Jornalistas e recolhido por Joaquim Cardoso Gomes, o
melhor historiador da Censura que temos entre nós. O documento reproduz as
conversas entre os censores de Lisboa e do Porto à medida que a revolução de
1974 progride. É o retrato clássico de uma burocracia, incapaz de processar o
que se está a passar, apesar da ilusão de controlo.
Esta
troca de comentários entre censores desnorteados fez-me lembrar uma história
que o Mário Ventura Henriques contou ao Fernando Correia e à Carla Baptista,
passada na manhã do dia 25 de Abril na redacção do Diário Popular. Fernando
Teixeira, o chefe da redacção, insiste que as provas da edição do dia ainda têm
de ir à censura apesar de já existirem todos os indícios de que a situação
política mudou. As provas vão uma vez. Duas vezes. A dada altura, é o contínuo,
muito calmo, que comenta para o chefe da redacção: «Senhor doutor, já lá não
está ninguém!»
#25deabrilsempre
#25deabrilsempre
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