terça-feira, julho 16, 2019

20 escudinhos por fotografia

A partir de arquivo da Revista Stadium

Os fotógrafos foram sempre mal pagos no jornalismo. Mesmo os melhores de cada época penaram para pagar contas. Este curioso apontamento anexo certifica-o.
Jorge Garcia (à direita, na foto, com o jornalista Teles Rodrigues) foi um dos primeiros grandes repórteres fotográficos portugueses. Especializou-se no ciclismo, cobrindo com enorme dramatismo a saga das Voltas a Portugal do tempo da poeira e do macadame.

Mais afoito do que Amadeu Ferrari, acumulou distinções e trabalhou para as grandes revistas e jornais da especialidade. 
Em 1949, queixou-se ao SNI que a revista Selecção deixara de lhe pagar. Da sua reclamação, ressaltam duas conclusões evidentes: a dificuldade de expressão escrita dos homens da chapa vem de longe e a penúria das compensações também. Em 1949, cada foto era compensada com 20 escudos.
(A título de exemplo, a refeição completa no Chave d'Ouro, em Lisboa, custava 40 e um vestidinho de malha de lã na Praça dos Restauradores ficava a 150!).

Arquivo Nacional da Torre do Tombo / SNI

1 comentário:

victor disse...

Caro historiador do periodismo em portugal

Basta comparar a fotografia de uma redacção americana dos anos 40 em momento de relaxe e a do fotografo e jornalista portugueses em plena pista de corridas...

O sol parece brilhar lá naquelas salas de Nova Iorque ou assim, enquanto na terra das muitas horas de Sol/por milimetro quadrado é, comparando, uma TREVA total!

E sem dar indícios ter sintomas de melhorar, apesar do muito fogo de artifício e juventude (oh como a juventude é prometedora e quanto se aposta nela)e etc. e tal e qual!

Vai-se à história e sai este contraste fenomenal...que valeria a pena ser cientificamente analisado. Deve ser o problema do rejeite das transplantações...o antigo periodismo nacional dos camilos, dinizes e Roques Gameiros, teve um adjiornamento com o pós WWI...

Foi a corrida ao estilo anglo-saxónico, a par com a "invenção" da publicidade a que se seguiu a sequela nazi-propagandística. Agora depois da transição para PC, portáteis e tal, vieram os FB e as apps e Tabletes. E com isso o jornalismo abrange os biliões de orientais que sempre tiveram culturas basicamente orais. Obedientes - porém, todavia, contudo e não obstante - a tirânicas ditaduras letradas e possuidoras do céu e da terra.

Ora Portugal é igualmente oral, com uma tirânica classe destacada letrada ou abençoada por tais, desde a batalha de S.Mamede, para não dizer pior.

Portanto vai entrará nisto bem. Que começar a alinhar com as massas orientais e os africanos (que só agora entram na "história" em massa). É que não dá apenas ser obrigado a...a curto prazo o bicho reage e isso pode atrasar imenso a viagem global ao ritmo das redacções ne Nova Iorque agora a ritmo pós 9/11...

Portanto os heróicos jornalistas da censura e outras maroscas são coisas divertidas para reformados que não se entretêm a jogar sueca nos jardins ou nas sociedades do bairro. E recebem claro os benefícios da jogatana dos Bytecoins, que rendem em Grandes números e eles recebem em patacoadas e patacas centimais. Ou dracmas bíblicos. E até podem andar em cuecas de trotinete solar, se conseguirem subir para a prancha.

Tudo isto é mais triste ainda porque existe e até será fado...o fado contemporâneo do jornalista e do fotógrafo (na altura a fotografia era para mecânicos que revelavam os seus próprios rolos e imprimiam as cópias). O escriba era o jornalista. Mas ambos tão longe dos clarões que atravessavam as redacções genuínas.

Hoje já nem há clarões sequer nas Américas. Os clarões devem ocorrer apenas nas salas robóticas onde se determina em PILOTO AUTOMÁTICO a historieta do dia a dia do mundo. Sem clarões, apenas bytecoins.

Continuo a achar que o periodismo português merecia história a remontar âs gazetas de cordel e ao terramoto de 1755. Um evento bestial, geológico, oceânico e mental...Com repercussão ainda hoje...Terramoto de Lisboa...

Porque se há coisas que se passam hoje (importantíssimas, tipo o nome do presidente ou do ministro, que ninguém se lembra mais quando for à pia com a D. Maria, há fenómenos em que a ressonância opera. Até um dia, claro, mas que não são breves e fugazes relampejos errantes.

Cumprimentos

Victor