Depois de Bordalo e Leal da Câmara,
escolheria Francisco Valença entre os maiores caricaturistas do país. Ao
contrário dos outros, teve sempre de fazer pela vida, respeitando hierarquias e
garantindo o salário do Museu Nacional de Arqueologia. Que eu saiba, nunca
caricaturou o patrão (Leite de Vasconcelos) para o Sempre Fixe. E, por vezes, mesmo não querendo, lá tinha de ir em
campanha de campo.
Em 1931, por uma vez, o caricaturista foi
caricaturado. E gozado pela sua revista: «Anda por terras do Alentejo,
desenhando antas. Segundo nos conta em carta que ontem recebemos, já tem no
activo duas caneladas e alguns trambolhões. Sai de manhã com uma merenda
debaixo do braço e volta à noite sem ela, o que tudo são prejuízos.
Julga o Valença
que o homem pré-histórico premeditou, há cinco mil anos, aquela pouca vergonha
e anda esperançado em apanhar por lá alguns deles para um ajuste de costas que
o arrase por outros cinco mil anos.
Mais lhe valia ao Valença andar por cá a
fazer a caricatura do Júlio Dantas, como dantes, do que andar nas antas com que
nada adianta. Por tudo isto se acham os nossos leitores privados das suas belas
páginas, mas, para a semana, já cá o temos como dantes e sem antas. Pois
'Antão'?»
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