Dois meses depois do
lançamento, a “imprensa séria” lança dúvidas sobre a verdadeira agenda do
jornal impertinente que já pisou vários calos e os mandantes que figuram na
sombra. O Tal & Qual responde em
artigo inesquecível de 14 de Agosto de 1980. O editorialista assume tudo:
«Começa por lamentar ter sido descoberto “que somos financiados pela Frente
Republicana e Socialista (…). O apoio discreto é-nos dado directamente pelo Dr.
Arnaud, através de uma sobrinhita que está à espera do Serviço Nacional de
Saúde para crescer, pois tem já 48 anos e apenas um metro e 15 de altura”.
Igualmente decisivo é o apoio financeiro do Partido Comunista: “Claro que o PCP
não nos falta com nada. Mas, cuidado, que aqui as coisas fiam mais fino. Temos
de ir buscar o nosso às mãos do José Luís Judas, que o recebe de uma tia do
Dias Lourenço, senhora que faz ponto de cruz e a barba com navalha.” Do Partido
Social Democrata, também não falta apoio: «Não ficaríamos de bem com a nossa
consciência sem revelar as jogadas discretas do técnico de contas Ângelo
Correia que, a troco de favores políticos, quis aparecer na nossa primeira
página com a perninha gorducha ao léu para tirar teimas a uns meninos amigos
dele que andam a espalhar por aí pequeninas sevícias acerca da fidelidade
carneiral do simpático deputado.» Reconhece-se ainda apoio da Albânia, da
Finlândia, do governo e de Beatriz Costa. Podia ser só um grito de
independência. É a loucura em letra de forma.»
Memórias
de um Jornalismo Tal & Qual, José Paulo Fafe e Gonçalo Pereira Rosa, Âncora Editora. Lançamento agendado para quinta-feira, dia 10,
17h45, Feira do Livro de Lisboa.
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