sábado, março 26, 2011

Somos assim e somos incorrigíveis.



Somos assim e somos incorrigíveis. Reagimos a quente e insistimos que as questões políticas ora são pretas, ora são brancas. Queremos heróis e vilões. Escutamos 30 segundos de uma notícia no Telejornal - normalmente descontextualizada - e cuidamos que formámos uma opinião sólida e duradoura. Foi assim com a notícia dos 6% do IVA aplicado ao golfe e será assim mais um rol de vezes.
André Jordan, empresário ligado ao crescimento exponencial do golfe em Portugal, contestou hoje no "Público" - sem destaque nenhum do jornal e remetido para a edição semanal que corresponde ao lugar do morto - a racionalidade das críticas daqueles que se apressaram a glosar que o regime de excepção aplicado à modalidade se devia a um privilégio atribuído à classe alta da Quinta da Marinha.
O golfe deixou de ser um desporto. É um negócio. Vou repetir: não é um desporto. É uma actividade turística. Pode ser questionada por mil e um motivos, nomeadamente pela sua escassa sustentabilidade ambiental ou pela sua implantação em regiões com fraca disponibilidade hídrica, como o Sul de Portugal. Mas é um negócio, que atrai turistas e investimento como poucos. Corresponde a 1,8 mil milhões de euros por ano em Portugal. E enquanto um turista que visita Lisboa gasta 123 euros por dia, o turista do golfe gasta 231! É fazer as contas, como dizia Guterres.
O estatuto de excepção foi concebido para proteger esse sector de negócio da concorrência externa. Só isso. O resto é a espuma do momento.

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