Há minutos, visitei a página de Internet do Plano Municipal de Ambiente Almada 21. Em meros 30 segundos, é proposto ao visitante que teste o comprimento da sua pegada ecológica em quatro indicadores - alimentação, mobilidade e transportes, habitação, bens de consumo e serviços. Pretende-se ali estimar a quantidade de recursos necessária para produzir os bens e serviços que cada indivíduo consome, de forma a calcular a área natural necessária para alimentar esses hábitos de consumo.
Através de perguntas simples sobre hábitos quotidianos, o indivíduo bem intencionado (neste caso, eu) é chamado a discriminar como viaja para o emprego, que tipo de alimento consome, em que tipo de casa vive, que quantidade de resíduos produz e por aí adiante. Tenho-me como um cidadão razoavelmente informado e consciente. E, no entanto, depois de responder honestamente a quinze perguntas, o malfadado teste assegura que o valor total da minha pegada é superior ao da média portuguesa: 6,3 hectares globais por pessoa (a média nacional cifra-se em 4,5). Quer isto dizer que seriam necessários mais de seis campos de futebol de área produtiva apenas para suprir o meu consumo regular de bens e serviços. Ou, usando as palavras utilizadas pelo servidor almadense (parceiro local da Redefining Progress e da Earth Day Network), seriam necessários 3,5 planetas Terra para dar conta de uma população mundial que vivesse com o meu estilo de vida.
A iniciativa da pegada ecológica é um dos mais bem sucedidos programas pedagógicos de sensibilização ambiental. Visa alertar a sociedade civil para os limites da sustentabilidade e encontrar, ao nível dos comportamentos individuais, uma maior racionalização de consumos e hábitos. Assenta na noção de que a racionalização deve começar à escala individual, tendo em conta que cada indivíduo provoca impactes mensuráveis. Cada escolha tem custos. Se viajamos a pé ou de carro para o trabalho. Se vivemos numa casa grande ou pequena de mais para o agregado familiar. Como procedemos ao seu aquecimento? Que lixo produzimos? Com que frequência reciclamos? Diferentes abordagens a estas perguntas geram forçosamente níveis diferentes.
Tenho curiosidade por isso em perceber se foi apenas a minha pegada ecológica que transbordou ou se os meus hábitos de consumo estão alinhados com os da maioria da população urbana portuguesa (assumindo, como é natural, que o blog não chega, nem de perto nem de longe, a uma amostra representativa). Consulte a página portuguesa da iniciativa e, se assim o entender, partilhe o seu resultado nos comentários.
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1 comentário:
Eu já lá fui há algum tempo e apesar da minha pegada ser "normal" para o comum do europeu, voltei a pensar no meu estilo de vida. O mais importante será isso mesmo: pesar as coisas e tirar conclusões. Responder a perguntas simples como estas: preciso disto? porquê? para quê? Acima de tudo, desacelerar, respirar melhor e mais fundo, determo-nos naquelas coisas que, por causa da nossa pressa, ganância e sofreguidão, muitas vezes não damos por elas ou nos passam ao lado. Tenho tentado fazer isso. Parece-me que a idade, qual vinho do Porto de boa qualidade, tem-me ajudado.
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